acordei,
vi o mundo a preto e branco
olhos cegos de espesso pranto
minha flor,
na íris carente de cor,
fala de chuva, de sol, de mar
de raios do orvalhar
decidi então colorir teu manto
sequei-me de carpiduras
o preto vestiu-se de espanto
e a alma de frescas verduras
no peito,
larguei papoilas, em semente.
guardei a chuva de ti
e esperei-me desse encanto.
despediu-se o cinzento pintado
e por estares tu ao meu lado
a cegueira se fez vida
já que a beleza do momento
são tulipas, no pensamento.
terra fértil,
em busca de sulcos e feras,
abre-te em botões, nesse querer
tulipas nossas,
ébrio encantamento